A loucura de uma vida sem Deus 

Faixa de seção
uma vida sem Deus

Introdução

Uma vida sem Deus… Quem sou eu? Por que estou aqui? Para onde vou? Dizem que há respostas que apenas o tempo pode revelar. No entanto, para muitos, o tempo parece incapaz de desvendar questões aparentemente sem resposta. Digo “aparentemente” porque a solução não repousa necessariamente no tempo, mas sim em alguém, e esse alguém é Deus. 

Em nome do progresso, o homem moderno tentou responder a essas perguntas sem fazer referência a Deus. Contudo, as respostas encontradas revelaram-se terríveis e sombrias. Descobrimos que somos um subproduto acidental da natureza, sem razão para nossa existência.

À nossa frente, apenas a morte, que cedo ou tarde nos levará a deixar de existir para sempre, enquanto o esquecimento se torna nossa herança. O homem moderno, ao eliminar Deus, acreditava libertar-se de tudo o que o escravizava. No entanto, inadvertidamente decretou sua própria morte, pois se Deus não existe, a vida humana, em última instância, torna-se absurda. 

Neste emaranhado de questionamentos, percebemos que a busca por significado é intrínseca à nossa natureza. Somos seres que anseiam por propósito, por uma conexão mais profunda com a existência. Em meio à escuridão das respostas desoladoras, talvez a luz de uma busca espiritual nos conduza a um entendimento mais profundo e a um propósito que transcenda as limitações do tempo e da mera casualidade. 

Entre a Ausência Divina e o Anseio Humano 

Se Deus não existe, então o homem e o universo estão irremediavelmente condenados, como todo organismo biológico destinado à morte. Sua vida, uma simples faísca no escuro infinito, surge, brilha e, inevitavelmente, se apaga para sempre.

Os cientistas nos alertam que o universo está em expansão, tornando-se cada vez mais frio; em breve, não haverá calor, luz nem vida. Isso não é mera ficção científica; se Deus não existe, estamos destinados à extinção. 

Mas o que isso realmente significa? Significa que a vida em si é absurda, desprovida de sentido, valor ou propósito último. Se cada indivíduo desaparece após a morte, sem chance de tornar a existir, qual é o propósito último que podemos atribuir à existência?

Embora uma vida possa ter importância em relação a outros eventos, surge a questão: e se todos esses eventos forem, em última análise, destituídos de significado? Qual seria a relevância final de influenciar qualquer um deles? 

Assim, a humanidade se torna tão significativa quanto um enxame de moscas, pois compartilha o mesmo destino desprovido de sentido. Eis o horror do homem moderno, percebendo que sua vida se dissolve em nada, tornando-se, em última análise, insignificante. E para complicar ainda mais, se a vida se encerra na sepultura, sem chance de ressurreição, então pouco importa se você viveu como Hitler ou como Madre Teresa. 

Se o nosso destino não está relacionado ao nosso comportamento, então podemos viver como bem quisermos. Os valores morais tornam-se apenas expressões de gosto pessoal, ou subprodutos da evolução biológica.

Numa realidade assim, quem pode dizer quais valores estão certos e quais estão errados, ou o que é bom ou mau? Valores morais e éticos objetivos não passam de construtos mentais originários da cultura em que o indivíduo está inserido, moldando o modo de pensar e criando a imagem de valores absolutos. 

Agora, pense comigo: o que isso significa? Isso implica que é impossível condenar a opressão e o genocídio causados pela guerra, ou chorar pelo mal. Matar alguém ou amar alguém se torna moralmente equivalente, uma vez que tudo repousa na formulação individual do nosso código de valores.

Não há nada superior a nós para arbitrar entre o bem e o mal, o certo e o errado de maneira absoluta. No fim das contas, surge inexoravelmente o dilema existencial: a busca pela felicidade e uma vida coerente torna-se inatingível diante dessa cosmovisão.  

Não há propósito maior sem Deus 

 O filósofo ateu Bertrand Russell (1872 – 1970), em suas divagações filosóficas, sustentava que os valores morais não passam de reflexos de preferências individuais. No entanto, reconhecia a dificuldade de viver como se ética e moral fossem meras escolhas de gosto, considerando suas próprias visões como “inacreditáveis”. “Não sei a solução”, confessava.¹

Se for apenas a morte que nos aguarda de braços abertos no final da trilha da vida, então qual é o propósito da existência? Haveria razão para a vida? Se nosso destino é uma morte horripilante à deriva pelo universo, a resposta se insinua sombria: sim, a vida se torna desprovida de propósito e significado.  

Despertar para a compreensão da gravidade das alternativas que nos são apresentadas torna-se imperativo. Se Deus existe, há esperança para o homem, mas se Deus não existe, consequentemente, tudo o que nos resta é o desespero. Diante de uma cosmovisão ateísta, o filósofo Jean-Paul Sartre (1905 – 1980) percebeu que a vida é absurda, retratando tragicamente a existência humana como um inferno.

Escrevendo após a Segunda Guerra Mundial, Sartre denunciou veementemente o antissemitismo, destacando que a doutrina que conduz ao extermínio não era apenas uma questão de opinião e gosto pessoal, possuindo igual gravidade ao seu oposto.2 

No seu significativo artigo “O existencialismo é um humanismo”, Sartre tentou, em vão, contornar a contradição entre sua negação de valores divinamente preestabelecidos e seu desejo obsessivo de defender a existência de valores humanos.

Assim como Russell, ele pareceu sucumbir às consequências de sua rejeição à ética absoluta. Suas palavras finais ressoam como um mantra ateísta: “Bem, vamos continuar com isso”. Concluímos, assim, que na ausência de valores transcendentes, a vida torna-se um estado de sofrimento, onde tanto o ser humano quanto o universo carecem de sentido. 

Conclusão  

Se Deus não existe, a vida se transforma em uma piada de mau gosto. Por outro lado, se o Deus da Bíblia é uma realidade, a vida adquire significado e propósito, proporcionando-nos o conhecimento de nossa identidade, origem e destino. Entre essas duas alternativas, apenas a última nos concede a oportunidade de viver uma existência coerente e plena de felicidade. 

Mesmo que as evidências para ambas as opções fossem exatamente iguais, uma escolha racional conduziria ao cristianismo bíblico. Optar pela morte, futilidade e destruição em detrimento de propósito, sentido e felicidade parece ser uma decisão destituída de racionalidade. Sem Deus, sem a perspectiva da vida eterna e do novo céu e nova Terra, a existência perde seu valor. 

Em última análise, a conclusão se revela clara: a vida não vale a pena ser vivida sem a presença de Deus e a esperança que Ele oferece. O cristianismo bíblico emerge não apenas como uma crença, mas como um farol de significado em um universo que, sem essa perspectiva divina, seria mergulhado na escuridão da falta de propósito e sentido. 


Referências

1 Bertrand Russell, carta a Observer, 06 de outubro de 1957. 

2 Jean Paul Sartre, “Portrait of the Antisemite”, in Existentialism from Dostoyevsky to Sartre, ed. rev., org. Walter Kaufmann (Nova Iorque: New Meridian Library, 1975), p. 330. 

* Bíblia On-line

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Amós Bailiot

Sou um estudante de História na Universidade Estácio de Sá e um entusiasta em Teologia. Acredito que o conhecimento é valioso apenas quando compartilhado. É por isso que estou aqui, disposto a compartilhar minhas reflexões teológicas. Junte-se a mim nessa jornada!

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Amós Bailiot

Graduando em História pela Universidade Estácio de Sá e estudioso de Teologia, defende a premissa de que o conhecimento se torna verdadeiramente valioso quando compartilhado. Junte-se a mim nessa jornada!

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