O Arrebatamento Secreto e a Grande Tribulação

Faixa de seção
O Arrebatamento Secreto e a Grande Tribulação

Introdução

Ao longo da história cristã, poucos temas despertaram tanto interesse e debate como o retorno de Jesus Cristo. A Bíblia apresenta inúmeras passagens que enfatizam essa promessa de esperança e redenção, afirmando que, no momento certo, Jesus virá em glória para reunir seus seguidores.

No entanto, interpretações sobre a forma e o tempo dessa vinda têm gerado discussões, especialmente sobre a teoria do “arrebatamento secreto”. Neste estudo, analisaremos detalhadamente o que a Escritura ensina sobre o tema, confrontando ideias populares com a verdade bíblica.

Antes de abordarmos o contexto histórico e teológico por trás do conceito de “arrebatamento secreto”, exploraremos alguns textos-chave das Escrituras que elucidam a promessa do retorno de Cristo e a maneira como ele ocorrerá, segundo o testemunho bíblico.

A volta de jesus: um evento visível, audível e literal

Uma das promessas mais poderosas que encontramos nas Escrituras é aquela feita por Jesus antes de Sua morte na cruz. Em João 14:1-3, Ele diz aos Seus discípulos:

1Não se turbe o vosso coração; credes em Deus, crede também em mim.

2 Na casa de meu Pai há muitas moradas. Se assim não fora, eu vo-lo teria dito. Pois vou preparar-vos lugar.

3 E, quando eu for e vos preparar lugar, voltarei e vos receberei para mim mesmo, para que, onde eu estou, estejais vós também.

Essa promissora palavra de Cristo revela Seu profundo amor e compromisso com a humanidade. Ele nos garantiu que não nos deixaria para sempre, mas prepararia um lugar para nós e voltaria para nos levar até lá. A promessa é clara: Cristo voltará para buscar os Seus, para reunir a Sua Igreja. E aqueles que estudam a Bíblia sabem que essa promessa não é isolada; ao longo de toda a Escritura, encontramos diversas passagens que reiteram o retorno glorioso de Jesus.

Outro trecho que reforça a grandiosidade da vinda de Cristo está em Apocalipse 1:7: “Eis que Ele vem com as nuvens, e todo o olho O verá.”

Este versículo transmite uma imagem vívida e inconfundível: o retorno de Jesus não será em segredo, não será algo oculto, mas será uma manifestação visível a todos. Não há nada discreto ou invisível na segunda vinda de Cristo. A Bíblia afirma que ela será um evento em glória e majestade, acompanhada do som da trombeta e do esplendor divino.

1 Tessalonicenses 4:16-17 prova que a igreja será arrebatada?

Agora, vamos para 1 Tessalonicenses 4:13 a 17, onde o apóstolo Paulo deixa ainda mais claro o entendimento sobre o arrebatamento, refutando a ideia de um evento secreto. Ele escreve:

13 Não queremos, porém, irmãos, que sejais ignorantes com respeito aos que dormem, para não vos entristecerdes como os demais, que não têm esperança.

14 Pois, se cremos que Jesus morreu e ressuscitou, assim também Deus, mediante Jesus, trará, em sua companhia, os que dormem.

15 Ora, ainda vos declaramos, por palavra do Senhor, isto: nós, os vivos, os que ficarmos até à vinda do Senhor, de modo algum precederemos os que dormem.

16 Porquanto o Senhor mesmo, dada a sua palavra de ordem, ouvida a voz do arcanjo, e ressoada a trombeta de Deus, descerá dos céus, e os mortos em Cristo ressuscitarão primeiro;

17 depois, nós, os vivos, os que ficarmos, seremos arrebatados juntamente com eles, entre nuvens, para o encontro do Senhor nos ares, e, assim, estaremos para sempre com o Senhor.

Aqui, Paulo esclarece sem ambiguidades que o arrebatamento não é algo secreto, nem ocorrerá antes da volta de Jesus. Pelo contrário, ele descreve um momento visível e glorioso, com o som de trombeta e a presença do arcanjo, no qual os mortos em Cristo ressuscitarão primeiro, seguidos pelos vivos que serão transformados e levados para encontrar o Senhor nos ares. Essa passagem refuta com clareza a ideia de um arrebatamento oculto.

É importante refletir sobre isso, pois se o arrebatamento fosse secreto, haveria uma marcação de datas, o que a Bíblia proíbe. Jesus mesmo alertou que ninguém sabe o dia nem a hora de Sua vinda. Se houvesse um arrebatamento prévio, as pessoas que acreditassem nele poderiam calcular quando seria a volta de Cristo, o que contraria totalmente o ensinamento bíblico. A promessa de Jesus é de que Ele voltará visivelmente, e Apocalipse 1:7 afirma que “todo olho O verá”, tanto salvos quanto perdidos. Além disso, Paulo destaca que a ressurreição e o arrebatamento acontecerão apenas na volta de Cristo, não antes.

A palavra “arrebatado”, frequentemente mal interpretada, vem do grego harpazo, que significa “tomar algo com força” ou “arrancar”, sem sugerir segredo ou invisibilidade. Em Marcos 3:27, encontramos o uso dessa palavra para descrever como o valente (o “forte”) não consegue ser vencido pelo ladrão. O ladrão pode ser inesperado, mas não invisível. Da mesma forma, o arrebatamento será visível, e não um evento oculto.

Portanto, a ideia de um arrebatamento secreto, separado da vinda gloriosa de Cristo, é uma compreensão equivocada. A Bíblia apresenta a volta de Jesus como um evento único, quando os mortos em Cristo ressuscitarão e os vivos serão transformados, e todos serão levados para o encontro com o Senhor de forma visível, em glória e majestade. Não há espaço para uma teoria que divida esse evento em duas etapas.

A volta de Cristo será visível, poderosa e universal. Não haverá ninguém “deixado para trás” sem saber o que está acontecendo. A promessa é clara: Jesus voltará para levar Sua Igreja de forma gloriosa, e todos os salvos, mortos ou vivos, estarão com Ele para sempre.

1 Coríntios 15 e a destruição da ideia de arrebatamento secreto

Outro texto fascinante que devemos explorar está em 1 Coríntios 15:51 – 54. Confira na sua Bíblia:

“Eis que vos digo um mistério: nem todos dormiremos, mas transformados seremos todos, num momento, num abrir e fechar de olhos, ao ressoar da última trombeta. A trombeta soará, os mortos ressuscitarão incorruptíveis, e nós seremos transformados”

Paulo nos convida a refletir sobre um “mistério” que ele mesmo desvenda em suas palavras. O que significa “nem todos dormiremos”? Ele se refere aos que estarão vivos na volta de Jesus. Esses não experimentarão a morte, mas serão transformados num instante, “num piscar de olhos”. Paulo conecta essa transformação à última trombeta, um evento grandioso e audível, que já mencionou em 1 Tessalonicenses (cf. 4:16). Ele continua:

“Porque é necessário que este corpo corruptível se revista da incorruptibilidade, e que o corpo mortal se revista da imortalidade.”

Essas palavras nos mostram que ninguém ascenderá ao céu em corpos frágeis e mortais. Todos, tanto os mortos ressuscitados quanto os vivos, serão revestidos de imortalidade e glória. Quando isso acontecer, a vitória definitiva sobre a morte será proclamada:

“Tragada foi a morte pela vitória. Onde está, ó morte, a sua vitória? Onde está, ó morte, o seu aguilhão?” (1 Coríntios 15:54, 55).

Este é o plano redentor de Cristo em sua plenitude: transformar os salvos para que estejam aptos a viver eternamente com Deus.

A Igreja Passará pela Grande Tribulação?

Agora, avancemos para Apocalipse 7, um texto que desafia a crença de que a igreja será poupada do tempo de tribulação. Para alguns, há a ideia de que os crentes seriam retirados da Terra antes dos eventos finais, mas vejamos o que as Escrituras realmente dizem. João descreve uma visão de uma grande multidão:

“Depois dessas coisas, vi, e eis uma grande multidão que ninguém podia contar, de todas as nações, tribos, povos e línguas, em pé diante do trono e diante do Cordeiro, vestidos de vestes brancas, com ramos de palmeira nas mãos…” (v. 9).

Quem são essas pessoas? Um dos anciãos explica a João:

“São estes os que vêm da grande tribulação, lavaram suas vestiduras e as alvejaram no sangue do Cordeiro, razão por que se acham diante do trono de Deus e o servem de dia e de noite no seu santuário; e aquele que se assenta no trono estenderá sobre eles o seu tabernáculo(v. 14, 15).

Os salvos, portanto, não são poupados da tribulação, mas atravessam-na sob a proteção divina. A promessa de Deus não é de escapar das dificuldades, mas de ser sustentado nelas. Jesus já havia dito: “No mundo tereis tribulações, mas tende bom ânimo; eu venci o mundo” (João 16:33).

Essa visão de João reforça que o povo de Deus experimentará desafios semelhantes aos dos primeiros cristãos, que enfrentaram perseguições e martírios. Contudo, Deus estará com Seu povo em todo momento, protegendo-o da destruição e garantindo que eles permaneçam firmes até o fim.

Daniel 12:1 também confirma essa verdade:

“Nesse tempo, se levantará Miguel, o grande príncipe e defensor dos filhos do teu povo; e haverá tempo de angústia, como nunca houve desde que existem nações. Mas, naquele tempo, o teu povo será salvo, todo aquele que for achado inscrito no livro.”

Entendemos que Miguel é uma representação de Cristo, que se erguerá para defender Seu povo no momento mais difícil da história. Ainda que o tempo de angústia seja sem precedentes, a garantia de salvação está assegurada para os que permanecem fiéis.

Portanto, a ideia de um “arrebatamento secreto” antes da tribulação não encontra respaldo bíblico. Em vez disso, vemos nas Escrituras uma narrativa de perseverança e proteção divina, mesmo nos momentos mais sombrios. Deus nos chama a confiar plenamente n’Ele, sabendo que, em meio à tribulação, Ele estará ao nosso lado, como o Bom Pastor que guia Suas ovelhas até a vitória final.

A História do “Arrebatamento Secreto”

A Reforma Protestante marcou uma virada na história religiosa ao desafiar as doutrinas do romanismo da Igreja Católica. Usando o historicismo como base hermenêutica, os reformadores analisaram as profecias de Daniel e Apocalipse como eventos que se desenrolam ao longo da história, oferecendo uma perspectiva clara e lógica.

Grandes nomes como Lutero, Calvino e até o cientista Isaac Newton adotaram essa abordagem, que rejeitava tanto o preterismo (que limita o cumprimento das profecias ao passado) quanto o futurismo (que as projeta exclusivamente no futuro).

No entanto, diante do impacto crescente da Reforma, a Igreja Católica reagiu. Para neutralizar a mensagem reformista, a Ordem dos Jesuítas foi encarregada de desenvolver novas interpretações que desviassem o foco das acusações contra Roma Papal. Foi nesse contexto que Francisco Ribeira, um sacerdote jesuíta, introduziu a visão futurista das profecias. O objetivo era claro: remover a associação da Igreja Romana com o “chifre pequeno” de Daniel 7 e 8, a Besta de Apocalipse 13 e o Anticristo mencionado em 2 Tessalonicenses 2.

Com essa estratégia, a ideia de um cumprimento profético futuro ganhou força, e séculos depois, John Nelson Darby, um clérigo anglicano do século XIX, adotou essa visão no contexto protestante. A partir de 1830, Darby começou a popularizar o conceito de “dispensacionalismo”, incluindo a teoria do arrebatamento secreto. Segundo ele, a volta de Cristo ocorreria em duas etapas: um arrebatamento dos salvos antes de sete anos de tribulação e, posteriormente, o retorno visível de Cristo.

Darby realizou três viagens aos Estados Unidos, onde encontrou terreno fértil para disseminar suas ideias. Foi durante uma dessas viagens que ele influenciou Cyrus Schofield, um advogado convertido que se tornou pastor da Igreja Congregacional. Em 1909, Schofield publicou a Bíblia de Referência de Schofield, que apresentava notas explicativas promovendo o dispensacionalismo. Essas notas, embora não fossem parte do texto bíblico, ajudaram a consolidar a visão de Darby entre os protestantes americanos e, posteriormente, no mundo.

No final do século XX, a série de livros de ficção religiosa Left Behind (Deixados para Trás), de Tim LaHaye e Jerry B. Jenkins, deu um impulso popular à teoria do arrebatamento secreto. A combinação de literatura e adaptações cinematográficas atraiu milhões de leitores e espectadores, mas, infelizmente, muitos passaram a basear sua teologia em obras fictícias em vez das Escrituras.

Por Que Essa Teoria Não Se Sustenta?

Apesar de sua popularidade, a ideia do arrebatamento secreto não encontra respaldo nas Escrituras. Os reformadores, com base no historicismo, sempre rejeitaram essa interpretação. Vamos analisar alguns pontos críticos:

  1. A Volta de Jesus Será Visível e Gloriosa
    Jesus foi claro ao descrever Seu retorno. Em Mateus 24:27, Ele afirmou: “Assim como o relâmpago sai do oriente e se mostra até o ocidente, assim será a vinda do Filho do Homem.” Nada na descrição sugere um evento secreto ou oculto. Um relâmpago que cruza o céu de um lado a outro não tem nada de secreto, concorda? Portanto, se alguém lhe disser que Jesus voltará de forma secreta, não acredite, pois isso é uma mentira.
  2. Todos Testemunharão Seu Retorno
    Em Mateus 24:30, lemos: “Então aparecerá no céu o sinal do Filho do Homem, e todos os povos da terra se lamentarão, e verão o Filho do Homem vindo sobre as nuvens do céu, com poder e grande glória.” A palavra usada para “poder” no texto é dýnamis (do grego), indicando algo avassalador e inconfundível.
  3. Os “Deixados para Trás” Serão Destruídos
    Ainda em Mateus 24, Jesus compara Sua vinda aos dias de Noé. Assim como o dilúvio levou todos os ímpios, os ‘deixados’, no contexto da volta de Cristo, enfrentarão destruição. Não existe essa ideia de uma segunda chance, como pregam os dispensacionalistas. Esse é um grande engano disseminado pelo inimigo dentro do protestantismo, graças à doutrina dispensacionalista do arrebatamento secreto. Veja também Hebreus 9:27-28.

Além disso, a interpretação literalista das profecias do Antigo Testamento, defendida pelo dispensacionalismo, ignora como os autores do Novo Testamento usavam esses textos. Por exemplo, Mateus 2:23 menciona que Jesus seria chamado “Nazareno”, uma aplicação que não encontra base literal no Antigo Testamento, mas se relaciona com a palavra hebraica netser (“rebento”) de Isaías 11:1.

Sendo assim, fica evidente que a corrente futurista de interpretação profética, incluindo o dispensacionalismo, carece de base sólida nas Escrituras. As inconsistências são claras, e os ensinamentos que dela derivam estão em desacordo com a verdade bíblica. Em contraste, o historicismo, defendido pelos reformadores e pelos protestantes clássicos, oferece uma interpretação coerente e fundamentada no plano divino revelado na história.

Agora é o momento de refletir: você está preparado para os últimos eventos deste mundo? A promessa do retorno de Jesus é real, e cada dia nos aproxima mais desse encontro glorioso. A Escritura nos garante que, naquele dia, as palavras de Isaías 25:9 serão proclamadas com júbilo: “Eis que este é o nosso Deus, em quem esperávamos, e Ele nos salvará.”

Que essa certeza encha seu coração de esperança e o motive a permanecer firme na fé, vivendo em preparação para o dia em que veremos Jesus vindo nas nuvens, com poder e grande glória, para cumprir Sua promessa de redenção.

O antissemitismo na ideia dispensacionalista do arrebatamento secreto

A visão pré-tribulacionista, que defende um arrebatamento secreto antes de um período de sete anos de tribulação, não apenas carece de fundamentação bíblica sólida, como também carrega implicações preocupantes. Entre elas, uma postura que pode ser interpretada como antissemita.

Por que essa acusação? Porque essa teoria sugere que os judeus estariam destinados a passar por um período de sofrimento único – uma espécie de “purgatório escatológico” – para expiar seus pecados e, somente então, ter a chance de alcançar a redenção junto aos demais. Esse pensamento coloca os judeus numa posição inferior, contradizendo a mensagem inclusiva do Evangelho e o plano redentor de Deus, que é para todos os povos, sem distinção.

Além de ser uma visão teologicamente frágil, ideias como essa causam sérios danos no contexto evangélico. E esse não é o único exemplo de conceitos propagados sem embasamento bíblico. Lembra daquela famosa frase: “1000 chegará, 2000 não passará”? Ela dominou o imaginário de muitos cristãos nos anos 1990, mas quando o ano 2000 chegou e passou, o silêncio tomou conta. Não se fala mais nisso.

O mesmo está acontecendo com a repetição constante: “A Igreja será arrebatada antes da tribulação.” São frases que se tornaram quase mantras em certos círculos cristãos, mas que, ao serem confrontadas com a Bíblia, mostram-se inconsistentes. Essa repetição sem análise crítica pode desviar os crentes da verdade e da profundidade das Escrituras.

O que devemos fazer, então? Paulo nos deixou um excelente exemplo em sua saudação aos bereanos, elogiando-os por examinarem as Escrituras diariamente para verificar se o que lhes era ensinado estava de acordo com a verdade (Atos 17:11). Essa atitude precisa ser a nossa também.

Em vez de aceitar ideias populares sem questionar, devemos retornar à Palavra de Deus, com coração humilde e mente aberta, buscando entender Suas promessas e Seu plano redentor. Afinal, é ali, na Bíblia, que encontramos a verdade que nos guia, não em interpretações convenientes ou teorias sem respaldo divino.

Portanto, sejamos vigilantes. Cuidado com as ideias propagadas sem base bíblica. Reexaminemos tudo sob a luz da Escritura, como os bereanos, e nos apeguemos à verdade, que é imutável e confiável.

Textos Comuns Usados para Defender o “Arrebatamento Secreto”

Um dos textos mais frequentemente citados pelos defensores do arrebatamento secreto é Mateus 24:40, 41, conhecido como o Sermão Profético. Confira na sua Bíblia:

“Então, dois estarão no campo, um será tomado, e deixado o outro; duas estarão trabalhando num moinho, uma será tomada, e deixada a outra.”

À primeira vista, pode parecer que este texto sugere um arrebatamento seletivo, mas será que ele realmente sustenta essa teoria? Para compreender, precisamos seguir uma regra fundamental na interpretação bíblica: jamais ler versos isolados fora de seu contexto.

Voltemos alguns versos para entender o que Jesus realmente está ensinando. A partir do verso 37, Ele compara Sua vinda aos dias de Noé:

“Pois assim como foi nos dias de Noé, assim será também a vinda do Filho do Homem. Pois, assim como nos dias anteriores ao dilúvio, comiam, bebiam, casavam e davam-se em casamento, até o dia em que Noé entrou na arca, e não o perceberam até que veio o dilúvio e os levou a todos, assim será também a vinda do Filho do Homem.”

O que aconteceu nos dias de Noé? A família de Noé foi levada a salvo na arca, enquanto os demais pereceram no dilúvio. Portanto, ser “deixado para trás” no contexto bíblico não significa ter uma segunda chance, mas estar entre os que são destruídos. Assim será na volta de Cristo: os salvos serão levados para a segurança eterna, enquanto os ímpios enfrentarão a destruição.

A Bíblia é clara sobre isso. Apocalipse 6:16 descreve os ímpios clamando: “Caí sobre nós e escondei-nos da face daquele que se assenta no trono e da ira do Cordeiro…” Não há segredo na vinda de Cristo, mas sim um evento de glória, majestade e juízo.

A Volta de Cristo no Sermão Profético

Todo o capítulo 24 de Mateus nos oferece uma visão ampla da segunda vinda de Jesus. Ele fala dos sinais que precedem a tribulação, do cuidado divino para com os salvos e do juízo que cairá sobre os ímpios. No verso 30, encontramos uma descrição poderosa:

“Então aparecerá no céu o sinal do Filho do Homem, e todos os povos da terra se lamentarão e verão o Filho do Homem vindo sobre as nuvens do céu com poder e grande glória.”

Este evento será visível a todos. Cristo enviará Seus anjos para reunir os escolhidos de todos os cantos da Terra, conforme descrito no verso 31.

A Alegoria do Ladrão

Outro texto frequentemente citado pelos dispensacionalistas é 1 Tessalonicenses 5:2, que afirma: “O dia do Senhor virá como ladrão à noite.” Alguns interpretam essa passagem como uma indicação de que a volta de Jesus será secreta e invisível. No entanto, a metáfora do “ladrão” aqui não se refere à forma invisível, mas sim à surpresa e imprevisibilidade para aqueles que não estão atentos.

Paulo esclarece essa questão nos versículos seguintes, dizendo: “Mas vós, irmãos, não estais em trevas, para que esse Dia como ladrão vos apanhe de surpresa; porquanto vós todos sois filhos da luz e filhos do dia; nós não somos da noite, nem das trevas“. (1 Tessalonicenses 5:4-5)

Aqui, Paulo deixa claro que, para os crentes, aqueles que vivem na luz de Cristo, a segunda vinda de Jesus não será uma surpresa. Ela será o cumprimento de uma promessa aguardada. A metáfora do ladrão não implica uma volta secreta ou invisível, mas refere-se ao fato de que somente aqueles que estão em trevas, ou seja, os não preparados, serão pegos de surpresa.

Portanto, para os crentes fiéis, a volta de Cristo será um evento esperado, e não algo que os pegará desprevenidos.

O Mal-Entendido dos “Sete Anos”

Os defensores do arrebatamento secreto frequentemente baseiam sua crença em uma interpretação equivocada da profecia das setenta semanas em Daniel 9. Eles retiram a última semana (sete anos) do contexto profético imediato e a projetam para um futuro distante, alegando que ela se refere a um período de tribulação antes da segunda vinda de Cristo. Segundo essa visão, os sete anos finais representam um intervalo específico de provação futura, no qual o arrebatamento da igreja ocorre antes que a tribulação comece.

No entanto, uma leitura exegética cuidadosa e coerente do texto revela que a última semana das setenta se refere ao ministério de Cristo. A profecia culmina com a morte de Jesus na metade dessa semana, quando Ele faz cessar os sacrifícios e ofertas ao se tornar o sacrifício perfeito (Daniel 9:27).

A desconexão dessa última semana do restante da profecia, promovida pelo dispensacionalismo, ignora o contexto imediato e desrespeita a coerência interna da profecia de Daniel. Toda a sequência das setenta semanas aponta para o tempo do Messias e Seu sacrifício expiatório, e não para um período escatológico de sete anos separado do plano redentor de Cristo.

A Promessa Final

Por fim, voltemos a Mateus 24:9-13. Jesus adverte Seus discípulos sobre perseguições, falsos profetas e a multiplicação da maldade, mas também oferece uma promessa:

“Aquele, porém, que ficar firme até o fim será salvo. E será pregado o evangelho do reino por todo o mundo, em testemunho a todas as nações, e então virá o fim.”

Sim, haverá tribulação. Haverá desafios e lutas, mas a garantia divina é que os salvos serão protegidos no meio da tempestade. Ao final, a vitória será de Cristo, e Seu povo será reunido para viver eternamente com Ele.

Essa é a verdade das Escrituras: não um arrebatamento secreto, mas uma vinda gloriosa e visível, onde Jesus triunfará, e os salvos estarão para sempre com Ele. Que promessa maravilhosa!

Conclusão

Em suma, no tempo determinado por Deus, Jesus retornará em glória e majestade para buscar a Sua igreja, composta por aqueles que morreram em Cristo e os que estiverem vivos na fé, transformados em um instante, como descrito pela Bíblia.

Esse grupo de redimidos se unirá a Jesus nos ares, para estar com Ele por mil anos no céu, conforme ensinam as Escrituras em Apocalipse 20-21. Após esse período, a eternidade será vivida na Nova Terra, um novo céu e uma nova terra prometidos por Deus, onde todos os salvos estarão reunidos para sempre.

Essa mensagem é uma verdade bíblica clara e inegável, e convido você a refletir sobre ela com atenção, oração e o auxílio do Espírito Santo. Ao buscar entendimento, creio que o Espírito de Deus o ajudará a compreender a profundidade e a importância desse tema.

Que Deus o abençoe!


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Amós Bailiot

Sou um estudante de História na Universidade Estácio de Sá e um entusiasta em Teologia. Acredito que o conhecimento é valioso apenas quando compartilhado. É por isso que estou aqui, disposto a compartilhar minhas reflexões teológicas. Junte-se a mim nessa jornada!

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Amós Bailiot

Graduando em História pela Universidade Estácio de Sá e estudioso de Teologia, defende a premissa de que o conhecimento se torna verdadeiramente valioso quando compartilhado. Junte-se a mim nessa jornada!

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