
Introdução
O Espírito Santo é Jesus ou outro Ser divino? Essa é uma questão intrigante que alguns antitrinitarianos têm levantado, sugerindo que o Espírito Santo não é uma pessoa distinta, mas o próprio Jesus Cristo em uma forma espiritual. Segundo essa perspectiva, Jesus seria o Espírito Santo em sua essência espiritual e, simultaneamente, Ele mesmo em sua forma física. Mas será que essa interpretação encontra fundamento nas Escrituras e nos escritos do Espírito de Profecia? É exatamente isso que vamos explorar neste estudo. Então, vamos lá!
O Espírito Santo é Jesus ou uma pessoa distinta?
Para começar, vamos analisar um texto frequentemente citado pelos antitrinitarianos, extraído de Manuscript Releases, que afirma: “Impedido pela humanidade, Cristo não poderia estar em todos os lugares pessoalmente, então foi para a vantagem deles (os discípulos) que Ele deveria deixá-los, ir para o Pai, e enviar o Espírito Santo para ser o Seu sucessor na terra.” (Manuscript Releases, vol. 14, pág. 23-24).
Esse trecho é significativo. Se Jesus foi para o Pai para enviar o Espírito Santo como seu sucessor, parece lógico que esse sucessor deva ser outro ser. O conceito de sucessor implica uma distinção entre quem vai e quem é enviado. Se Cristo tivesse a intenção de enviar a si mesmo, ele teria dito algo como: “Vou para o Pai e então voltarei como o Espírito Santo.” No entanto, não foi isso que ele disse, nem é o que encontramos na Bíblia. Esse raciocínio mostra que o Espírito Santo não pode ser o próprio Jesus, mas sim uma pessoa distinta dentro da Divindade.
Outro texto de Manuscript Releases contribui para esse entendimento: “O Espírito Santo é ele mesmo, desprovido da personalidade humana e independente dela. Ele se representaria como estando presente em todos os lugares pelo Seu Espírito, como o Onipresente. ‘Mas o Consolador, o Espírito Santo, a quem o Pai enviará em meu nome [embora não seja visto por vós], esse vos ensinará todas as coisas e vos fará lembrar de tudo o que vocês têm ouvido’” (João 14:26). “Mas eu vos digo a verdade: convém-vos que eu vá, porque, se eu não for, o Consolador não virá para vós; se, porém, eu for, eu vo-lo enviarei” (João 16:7). (Manuscript Releases, vol. 14, página 23, 24).
Diante desse texto, os antitrinitarianos podem argumentar: “Veja! O Espírito Santo é descrito como sendo o próprio Jesus.” Será que esse entendimento é correto? Se fosse verdade, como conciliar isso com os outros textos bíblicos e declarações de Ellen White que claramente distinguem as três pessoas da Trindade? Vamos aplicar uma análise hermenêutica para obter uma compreensão mais precisa.
Um pouco de hermenêutica
A hermenêutica é o método que usamos para interpretar textos bíblicos e também os escritos proféticos. Para entender a questão em debate, podemos usar um exemplo das Escrituras. Em Malaquias 4:5, lemos: “Eis que eu vos enviarei o profeta Elias, antes que venha o grande e terrível dia do Senhor.”
Já em Mateus 11:12-14, Jesus diz: “Desde os dias de João Batista até agora, o Reino dos Céus é tomado por esforço, e os que se esforçam se apoderam dele. Porque todos os profetas e a Lei profetizaram até João. E, se o quereis reconhecer, ele mesmo é Elias, que estava para vir.”
Note como, nesse caso, João Batista é identificado como Elias. Contudo, sabemos que João Batista não era literalmente Elias, o profeta que viveu séculos antes. O que o texto está comunicando é que João Batista veio no mesmo espírito e poder de Elias, cumprindo a mesma missão de preparar o caminho do Senhor.
O mesmo princípio se aplica ao texto de Ellen White. Quando ela diz que o Espírito Santo é o próprio Jesus, não está afirmando que são a mesma pessoa, mas sim que o Espírito Santo vem com o mesmo propósito, a mesma missão e o mesmo poder de Cristo. Isso reforça a distinção entre as pessoas da Trindade, ao mesmo tempo que evidencia a unidade de propósito entre elas.
Outro ponto crucial para entender essa distinção está em João 14:16, onde Jesus promete: “E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Consolador, para que fique convosco para sempre.” A palavra grega traduzida como “outro” aqui é fundamental para esclarecer o significado. No grego, existem dois termos para “outro”: ἄλλος (allos) e ἕτερος (heteros).
- Allos: Refere-se a outro da mesma espécie ou categoria.
- Heteros: Refere-se a outro de natureza diferente, distinto ou oposto.
Verdadeiramente interessante! No texto original de João 14:16, a palavra usada é allos, que indica que o Consolador prometido é outro da mesma essência que Jesus. Isso confirma que o Espírito Santo compartilha da mesma natureza divina de Cristo, mas não é a mesma pessoa. O Espírito Santo é um ser distinto, mas da mesma essência divina, assim como Jesus é.
Esse detalhe linguístico nos mostra que Jesus não estava falando de si mesmo quando prometeu o envio do Consolador. Ele estava se referindo a uma terceira pessoa da Divindade, que agiria de maneira semelhante a ele, mas que era distinta em pessoa.
O Espírito Santo é uma pessoa
Há ainda outros escritos de Ellen White que deixam claro a distinção entre o Espírito Santo e Jesus, comprovando que se tratam de seres distintos. Um exemplo notável pode ser encontrado em seu Manuscrito 93, de 1893, onde ela declara: “O Espírito Santo é o consolador, em nome de Cristo. Ele personifica a Cristo, mas é uma personalidade distinta.”

A palavra “personalidade”, conforme definida no dicionário, refere-se à “qualidade ou característica do que é pessoal”, o que indica um ser individual e separado. Isso reforça a ideia de que o Espírito Santo, embora personifique Cristo em seu trabalho, é uma entidade distinta.
Essa separação é essencial para entender o papel de cada pessoa na Trindade. A própria Ellen White, ao descrever o Espírito Santo como uma personalidade distinta, rejeita a noção de que o Espírito seria apenas uma extensão ou manifestação de Jesus. Na imagem 1, encontra-se o texto manuscrito original de Ellen White.
Em outro de seus escritos, Ellen White torna essa distinção ainda mais evidente ao afirmar: “Três agências distintas, o Pai, o Filho e o Espírito Santo, trabalham juntos pelos seres humanos.” (Manuscrito 27a, 1900, p. 7). A clareza desse texto é inegável. Ela menciona explicitamente três entidades separadas, que trabalham de forma coordenada para a salvação da humanidade.
Isso elimina qualquer dúvida sobre a ideia de que o Espírito Santo e Jesus poderiam ser a mesma pessoa. Aqui, a distinção entre o Pai, o Filho e o Espírito Santo é estabelecida de forma explícita, reafirmando que são seres distintos que colaboram em perfeita unidade. A imagem 2 apresenta o texto manuscrito original, datilografado por sua secretária e conferido por Ellen White, comprovando essa afirmação.

Para reforçar ainda mais essa separação entre as pessoas da Trindade, Ellen White acrescenta: “A obra está colocada diante de cada alma que reconhece sua fé em Jesus Cristo pelo batismo, e se tornou um recipiente da promessa das três pessoas – o Pai, o Filho e o Espírito Santo.” (Manuscrito 57, 1900).
Esse texto sublinha a individualidade de cada pessoa da Trindade, destacando que são três seres distintos que agem em conjunto para realizar a obra da redenção. O batismo, como símbolo da fé em Cristo, também envolve a aceitação da atuação das três pessoas divinas, e não apenas de duas.

Esse entendimento é vital para compreender a doutrina da Trindade. A separação entre o Pai, o Filho e o Espírito Santo é clara, tanto nos escritos de Ellen White quanto nas Escrituras. No entanto, apesar dessa clareza, ainda existem aqueles que levantam questionamentos sobre a autenticidade desses textos,alegando adulterações ou interpretações equivocadas. Tais alegações, contudo, não possuem base sólida e residem apenas na imaginação fértil daqueles que insistem em negar a verdade dos fatos.
Para aqueles que dominam o idioma inglês, a expressão “Three persons” (três pessoas), usada por Ellen White para se referir à Trindade, é encontrada em seus manuscritos originais. Isso serve como uma evidência adicional da autenticidade de suas palavras e da clareza da mensagem que ela transmitiu. A imagem 3 apresenta o documento original, mostrando a consistência da expressão e a precisão de seus ensinamentos.
Portanto, qualquer afirmação de que o Espírito Santo não é uma pessoa distinta está em desacordo tanto com as Escrituras quanto com o espírito de profecia. A Bíblia apresenta claramente o Espírito Santo como um ser pessoal, com características próprias e atuação independente. Ellen White reforça essa visão ao afirmar que Ele é a terceira pessoa da Trindade. Se o Espírito Santo fosse apenas uma manifestação de Jesus, ou se Ele não tivesse personalidade própria, seria incoerente falar de três pessoas na Divindade.
O fato de Ellen White referir-se consistentemente a três pessoas – o Pai, o Filho e o Espírito Santo – demonstra que são realmente três seres distintos que atuam em harmonia. O Pai é uma pessoa, Jesus é uma pessoa e o Espírito Santo é outra pessoa. Essa verdade é simples de entender.
Os antitrinitarianos e a rejeição da verdade
Embora seja difícil convencer os negacionistas da verdade, dispomos de mais textos que afirmam claramente que o Espírito Santo é uma pessoa. Ellen White, em um de seus escritos, é enfática: “O Espírito Santo é uma pessoa, pois ele dá testemunho ao nosso espírito de que somos filhos de Deus” (Manuscrito 20, 1906, pág. 9). Não há declaração mais direta e clara do que essa.
Mesmo com todas as evidências bíblicas e com os muitos textos de Ellen White que reforçam que três pessoas compõem a divindade, ainda há quem insista em não acreditar. Essas pessoas, muitas vezes, fecham os olhos diante de fatos inquestionáveis.

Como mencionei anteriormente, se você conseguir ler um pouco de inglês, poderá verificar no Manuscrito 20 de Ellen White (imagem 4) a seguinte afirmação: “The Holy Spirit is a person” (O Espírito Santo é uma pessoa). A declaração é inequívoca, e o próprio manuscrito original está disponível para confirmar a autenticidade desse ensinamento.
No entanto, por mais clara que seja a linguagem empregada e por mais que as provas estejam diante dos olhos, existem pessoas que continuam a negar a veracidade dessas declarações. Isso gera uma grande frustração, não é verdade? É complicado quando, mesmo com textos claros e evidências abundantes, ainda encontramos quem se recuse a acreditar. Como podemos lidar com essa situação? Afinal, se o indivíduo não acredita no Espírito Santo, quem o convencerá do pecado, da justiça e do juízo, conforme ensinado em João 16:8?

É importante salientar que muitos críticos questionam a autenticidade dos textos de Ellen White, alegando que poderiam ter sido adulterados por seus secretários durante o processo de datilografia. Porém, esse argumento é totalmente infundado. Ellen White, sempre meticulosa, revisava pessoalmente cada um dos textos transcritos, verificando se estavam corretos.

Uma prova clara disso está na imagem 5, onde, após revisar o conteúdo datilografado, ela mesma escreveu: “Eu li isto cuidadosamente e o aceito”. Esse era um procedimento comum que Ellen White adotava em seus escritos, garantindo que fossem transmitidos com total precisão.
Portanto, qualquer alegação de adulteração é infundada e carece de provas concretas. A meticulosa revisão de Ellen White demonstra seu compromisso com a integridade de suas mensagens e a autenticidade de seus textos.
Diante disso, é evidente que o Espírito Santo é uma pessoa, como afirmam as Escrituras e os escritos de Ellen White. E aqueles que negam essa verdade o fazem por escolha própria, recusando-se a aceitar as claras evidências que lhes são apresentadas. Mas, como diz o ditado, “não há pior cego do que aquele que não quer ver”.
Conclusão
Em suma, se alguém não acredita que o Espírito Santo seja uma pessoa, isso não ocorre por falta de provas, mas pela rejeição consciente da realidade. Algumas pessoas chegam ao ponto de afirmar que até mesmo os textos bíblicos que mencionam o Espírito Santo como o Consolador, a terceira pessoa da divindade, foram adulterados. Mas com base em quê sustentam essas afirmações? Em teorias malucas disseminadas pela internet, sem qualquer base sólida ou credível.
Agora, imagine se realmente houvesse textos adulterados na Bíblia, especialmente passagens tão importantes como João 14:16 ou Mateus 28:19-20, que claramente se referem ao Espírito Santo. Seria um desastre para a fé cristã. Se esses textos fossem adulterados, como poderíamos confiar em qualquer outro trecho das Escrituras? E quais outras partes da Bíblia estariam comprometidas?
Isso colocaria em xeque a autoridade e a integridade de toda a Palavra de Deus. Seria como dizer que Deus ficou fraco ao longo do tempo, incapaz de impedir que Satanás, através de seus agentes, corrompesse a mensagem sagrada. No entanto, graças a Deus, podemos confiar plenamente na Sua Palavra, pois ela foi preservada ao longo dos séculos com fidelidade. Nada foi adulterado em Sua mensagem divina!
Portanto, cabe a nós, como cristãos, aceitar e obedecer o que a Bíblia ensina. As Escrituras revelam de maneira clara a existência e o papel do Espírito Santo como uma pessoa distinta dentro da Trindade, e essas verdades são essenciais para o entendimento correto da fé cristã. Que o divino Espírito Santo possa, dia após dia, falar à nossa mente e nos guiar em direção à verdade.
Que Deus o abençoe e que a Sua presença seja sentida em sua vida, trazendo direção, conforto e a certeza de que a Sua Palavra é fiel e digna de confiança!