
Introdução
A virgem Maria foi assunta aos céus? Esse tema sobre Maria, mãe de Jesus, sempre suscita debates acalorados entre católicos e protestantes. A principal questão gira em torno do destino final de Maria: teria ela morrido e aguardaria a ressurreição junto com os salvos no retorno de Jesus, ou teria sido levada ao céu, onde intercede pelos fiéis junto a Cristo?
Para nossos irmãos católicos, não há dúvidas de que Maria está viva no céu. Mas, afinal, qual é a verdade? Em qual dessas perspectivas você acredita? Neste artigo, vamos analisar essas questões à luz da Bíblia e buscar uma compreensão mais profunda. Vamos começar!
Erros sobre Maria que devem ser evitados
Antes de mencionarmos os textos bíblicos, é importante destacar dois erros graves que devemos evitar ao falar sobre Maria. Infelizmente, muitos não consideram esses aspectos, o que é lamentável.
O primeiro erro é desmerecer e falar mal de Maria. Por discordarem da visão católica, alguns protestantes acabam desenvolvendo uma aversão injusta a essa grande mulher. Espero, querido amigo, que você não caia nessa armadilha.
Não há qualquer razão para desprezarmos Maria, a mãe de nosso Salvador, Jesus Cristo. Muito pelo contrário, ao lermos Lucas 1 e 2, encontramos inúmeras lições espirituais que podemos aprender com a vida e as orações da mãe do Senhor.
Quem absorver essas lições experimentará um crescimento extraordinário, tanto como pessoa quanto como cristão. Deus não escolheu Maria por acaso; ela é chamada de “bendita entre as mulheres” porque em seu ventre abrigou a segunda pessoa da Trindade, Jesus. Recomendo que você leia Lucas 1 e 2 para conferir por si mesmo.
O segundo erro é venerar Maria e tê-la como intercessora. (Por favor, não me interprete mal; se você é católico, saiba que minha intenção não é ofendê-lo.) A Bíblia não autoriza, em nenhum momento, que tenhamos Maria como mediadora. Há um único mediador entre Deus e os homens.
Veja o que diz 1 Timóteo 2:5-6: “Há um só Deus, e há um só mediador entre Deus e os homens: Cristo Jesus, homem.” E por que há apenas um mediador? O verso 6 nos dá a resposta: “Porque Ele se deu a Si mesmo em resgate por todos.” Apenas Jesus, o único ser no universo com dupla natureza – 100% Deus e 100% homem – que morreu pelos nossos pecados, pode ser nosso intercessor.
Maria, embora seja uma figura de extrema importância, não possuía essa dupla natureza e não era divina como Jesus. Além disso, Maria não morreu pelos nossos pecados; foi Jesus quem o fez. Aliás, mesmo que ela quisesse, não poderia ter morrido por nós. Nenhum ser humano, ou mesmo o anjo mais poderoso do céu, poderia ser um sacrifício à altura para pagar pela transgressão da lei de Deus.
Nenhum ser no universo, exceto o próprio Deus, poderia quitar a nossa dívida. É por isso que 1 Timóteo 2:6 afirma que Cristo “deu a Si mesmo em resgate por todos”. Portanto, apenas Jesus, com sua natureza divina e humana, pode ser nosso intercessor.
Seria Maria a “Mulher” de Apocalipse 12?
Apesar de 1 Timóteo 2:5-6 ser bastante claro, muitos irmãos católicos sinceros continuam acreditando que Maria está no céu, baseando-se em Apocalipse 12, que menciona uma mulher glorificada. Na interpretação católica, essa mulher seria uma referência a Maria.
Infelizmente para muitos, Apocalipse 12 não fala sobre Maria. Talvez você esteja pensando: “Como assim? O texto menciona o nascimento de Cristo, faz uma referência clara a Maria, e você me diz que não se trata dela?” Você está certo em perceber essa analogia, mas o objetivo central do capítulo 12 de Apocalipse não é retratar Maria. Deixe-me esclarecer.
Primeiro, é importante lembrar que cerca de 95% do Apocalipse é composto de símbolos. Nas profecias apocalípticas, sempre que a palavra “mulher” aparece, ela não deve ser interpretada literalmente; “mulher” simboliza a “igreja”, o povo de Deus. Portanto, a mulher de Apocalipse 12 não é Maria, mas sim a igreja.
No versículo 14, lemos que a mulher se refugia no deserto por “1.260 dias” proféticos. Embora essa passagem faça uma analogia com a fuga de Maria para o Egito, quando Herodes tentou matar Jesus, essa analogia serve como uma “figura meramente ilustrativa” para exemplificar o que aconteceria com a “mulher”, que simboliza a igreja.
Nas profecias apocalípticas, aplicamos o princípio dia-ano para interpretar as referências ao “tempo” (conforme Ezequiel 4:6-7 e Números 14:34). Assim, os 1.260 dias mencionados em Apocalipse simbolizam 1.260 anos literais.
A “mulher que foge para o deserto”, portanto, representa a igreja, o povo de Deus, que se refugiou em lugares desérticos por “1.260 anos” durante as perseguições papais, um período que vai de 538 d.C. a 1798 d.C. (em breve, abordaremos essa profecia detalhadamente aqui no blogue).
Maria, como vemos, não se encaixa nesse contexto profético. Como mencionei, há uma alusão ao que aconteceu com ela, mas apenas para ilustrar a perseguição ao povo de Deus ao longo da história.
Por que Maria não está no céu?
Para resumir, Apocalipse 12 não fala de Maria glorificada. Em Atos 1, por exemplo, quando Cristo ascende ao céu, Maria permanece na Terra. Como bem disse o apóstolo Paulo, não podemos ir além do que está escrito.
Teólogos católicos, por mais sinceros que sejam, frequentemente extrapolam o que está revelado, baseando-se em textos descontextualizados ou na filosofia. A filosofia tem seu lugar e pode ser útil, mas não deve ser usada para ultrapassar os limites da revelação, distorcendo o texto bíblico para alinhar-se às nossas próprias opiniões.
Atos 1:9-11 relata a ascensão de Cristo ao céu e a promessa de que os discípulos receberiam poder para serem Suas testemunhas. No versículo 14, lemos que: “todos estes perseveravam unânimes em oração, com as mulheres, com Maria, mãe de Jesus, e com os irmãos dele.”
Outro texto significativo está em João 19:26-27, onde Jesus confia os cuidados de Sua mãe ao apóstolo João. Isso evidencia que Maria não foi para o céu com Jesus.
Agora, você pode se perguntar: “Mas, e se ela foi depois?” Bom, a Bíblia não revela isso. Não podemos especular além do que o texto bíblico diz e assumir como verdade. Se começarmos a acreditar em suposições, abrimos espaço para qualquer teoria – poderíamos acreditar que Maria foi para o céu, para outro universo, ou até para outro planeta.
Percebe como as coisas se tornariam caóticas se não nos limitássemos ao que foi revelado? A atitude mais sensata é seguir o conselho de 1 Coríntios 4:6: “…não ultrapasseis o que está escrito; a fim de que ninguém se ensoberbeça a favor de um em detrimento de outro.”
Conclusão
Em suma, se a Bíblia afirma que Jesus é nosso único intercessor e relata que Maria foi confiada aos cuidados de João após a partida de Cristo – como Ele mesmo determinou – e que ela permaneceu com os apóstolos após Sua ascensão, então é nisso que devemos depositar nossa fé.
Não estou questionando, tampouco desmerecendo a sinceridade e devoção dos irmãos católicos, mas busco ajudá-los a não ultrapassarem o que está escrito.
Portanto, à pergunta: A Virgem Maria foi assunta aos céus? A resposta é não. Maria não está no céu; ela repousa no pó da terra, sepultada, à espera da ressurreição.
Quando Cristo retornar e ressuscitar os mortos em Cristo (1 Tessalonicenses 4:13-18), Maria certamente ressuscitará também, para estar para sempre com o Senhor e com todos os salvos de todas as eras.
Por fim, lembre-se de Deuteronômio 29:29: “As coisas encobertas pertencem ao Senhor nosso Deus, mas as reveladas pertencem a nós.” Assim, reitero: não devemos ir além do que está escrito.
Que Deus o abençoe grandemente!