
Introdução
Hoje, daremos continuidade ao estudo sobre Apocalipse 13, explorando mais sobre a besta que emerge do mar. O versículo Apocalipse 13:1 descreve essa criatura de forma específica: “Então vi subir do mar uma besta que tinha dez chifres e sete cabeças; sobre os seus chifres, dez diademas; e sobre as suas cabeças, nomes de blasfêmia.”
Já identificamos esse poder como representando Roma Papal. O fato de a besta surgir do mar, que nas profecias bíblicas simboliza uma região densamente povoada (Apocalipse 17:15), indica que esse poder emerge de uma área de grande concentração civilizacional, como foi a Europa, berço da influência papal.
A besta possui sete cabeças e dez chifres. Os dez chifres simbolizam as dez tribos bárbaras que contribuíram para a queda de Roma Imperial. As sete cabeças, por outro lado, representam os sete grandes impérios que Satanás usou ao longo da história para perseguir o povo de Deus: Egito, Assíria, Babilônia, Medo-Pérsia, Grécia, Roma Imperial e, por fim, Roma Papal.
A Besta e os Animais de Daniel 7 (recapitulando)
Em Daniel 7, os animais representam os impérios antigos que governaram a Terra e influenciaram os destinos do povo de Deus. A besta de Apocalipse 13 tem características do leão, do urso e do leopardo, que são símbolos, respectivamente, da Babilônia, da Medo-Pérsia e da Grécia. Isso sugere que Roma Papal herdou práticas, tradições e características desses impérios. Vejamos:
1. Babilônia é representada pelo leão e simboliza a arrogância e a pretensão de poder. A Igreja Romana herdou essa característica de arrogância e pretensão, como se observa na doutrina de que fora da Igreja Católica não há salvação (Extra Ecclesiam nulla salus).
Essa postura coloca a instituição no lugar de Cristo, assumindo o papel de mediadora entre Deus e os homens. No entanto, a Bíblia é clara ao afirmar que a salvação é um dom de Deus, disponível a todos que buscam viver segundo a luz da verdade descrita em Sua Palavra, sem a necessidade de mediação de sistemas religiosos (João 14:6; Atos 4:12). Cristo é o único mediador (1 Timóteo 2:5).
2. Medo-Pérsia, simbolizada pelo urso, influenciou a Igreja Romana com o culto ao deus Mitra, uma divindade solar cujo dia de culto era o domingo, o primeiro dia da semana. Essa prática foi adotada pela Igreja Romana, que, em vez de observar o sábado bíblico, estabelecido por Deus como dia de descanso (Êxodo 20:8-11), oficializou o domingo como dia sagrado.
Isso ocorreu sob o governo do imperador Constantino, que, em 321 d.C., promulgou o primeiro decreto dominical. Posteriormente, o Concílio de Laodiceia (em 364 d.C.) consolidou essa prática, decretando que os cristãos não deveriam descansar no sábado, mas no domingo (Cânon 29 do Concílio de Laodiceia).
3. Grécia, simbolizada pelo leopardo, sob o governo de Alexandre, o Grande, foi um império que se destacou pela velocidade e eficiência de suas conquistas, simbolizadas pelas quatro asas no leopardo de Daniel 7. Essa rapidez em expandir seu domínio está refletida na besta de Apocalipse, que absorve as características de impérios anteriores, incluindo o poder de disseminar sua influência de maneira abrangente.
Além disso, o legado grego também se manifesta no aspecto filosófico e teológico. A cultura helenística, marcada pela filosofia de pensadores como Platão e Aristóteles, teve um impacto profundo no pensamento ocidental.
A Igreja Romana, que a besta de Apocalipse representa, incorporou muitas dessas ideias, especialmente na área da teologia. O conceito de imortalidade da alma, por exemplo, que não tem base nas Escrituras, foi amplamente difundido através da influência grega e, posteriormente, absorvido pela teologia cristã.
A filosofia grega, com seu enfoque no racionalismo e na busca pela sabedoria humana, muitas vezes se opôs aos ensinamentos bíblicos. A Igreja Romana, ao longo de sua história, adotou certas ideias filosóficas que, em alguns casos, suplantaram a simplicidade do evangelho, trazendo conceitos que não estavam em conformidade com a revelação bíblica. A ideia de que a razão humana poderia rivalizar com a revelação divina é um eco do pensamento grego que perdurou por séculos.
A Igreja Romana também se assemelha à Grécia em outro aspecto importante: o culto a um panteão. Na Grécia antiga, havia uma vasta coleção de deuses, cada um representando diferentes aspectos da vida e do cosmos. A Igreja Romana, seguindo essa mesma lógica, desenvolveu um panteão de santos. Há um santo para cada causa, situação ou necessidade, o que reflete o sistema grego de adoração de diferentes deuses para diversos fins.
Essa semelhança no uso de intermediários espirituais é uma continuação da tradição helenística de multiplicidade de figuras divinas, adaptada ao contexto cristão, mas com raízes bem profundas na cultura grega.
Portanto, a adoção do domingo como dia de adoração, em vez do sábado, é uma tradição da Igreja Romana, e não um mandamento bíblico. Mesmo igrejas protestantes que criticam a Igreja Romana por suas tradições ainda guardam o domingo, seguindo o mesmo caminho.
Blasfêmia e o Poder Papal
A blasfêmia é um dos atributos da besta que sobe do mar. Apocalipse 13:5 descreve a besta como tendo uma boca que profere arrogâncias e blasfêmias. Mas o que significa, biblicamente, blasfêmia? Temos dois exemplos claros: a pretensão de perdoar pecados e a pretensão de ser Deus.
1. Pretensão de Perdoar Pecados
Em Marcos 2:5-7, Jesus perdoa os pecados de um paralítico e os líderes religiosos reagem dizendo: “Isto é blasfêmia! Quem pode perdoar pecados senão Deus?” Eles estavam corretos ao afirmar que apenas Deus pode perdoar pecados, mas erraram ao não reconhecer a divindade de Jesus. Quando um ser humano afirma ter o poder de perdoar pecados, isso constitui blasfêmia.
No IV Concílio de Latrão em 1215 d.c., foi promulgada a doutrina da confissão auricular, que concede ao sacerdote o poder de perdoar pecados. O Cânon Católico afirma: “O sacerdote tem o poder de perdoar todos os pecados cometidos após o batismo.” Essa doutrina é uma clara contradição à Bíblia, que ensina que somente Deus pode perdoar pecados (1 João 1:9; Lucas 5:21).
2. Pretensão de Ser Deus
Em João 10:30-33, Jesus diz: “Eu e o Pai somos um”, o que provocou a reação dos judeus que o acusaram de blasfêmia, dizendo: “Tu, sendo homem, te fazes Deus.” Aqui, vemos que blasfêmia também se refere à pretensão de um ser humano de se igualar a Deus. No entanto, Jesus, sendo Deus, não cometeu essa blasfêmia.
A Igreja Romana, através dos Papas, fez essa mesma reivindicação. Veja:
“Todos os nomes que nas escrituras se aplicam a Cristo, por virtude dos quais é estabelecido ser Ele cabeça da igreja, são aplicáveis ao papa” (Robert Bellarmine, On the Authority of Councils Volume 2: 266).
“O Papa não é apenas o representante de Jesus Cristo, mas ele é Jesus Cristo, Ele mesmo, oculto sob o véu da carne” (Catholic National – July 1895).
“Ele [o papa] pode pronunciar sentenças e acórdãos em objeção aos direitos das nações, à lei de Deus e ao homem… Ele pode libertar a si mesmo dos mandamentos dos apóstolos, sendo ele seu superior, e das normas do Antigo Testamento… O Papa tem o poder de mudar os tempos, revogar leis, e dispensar todas as coisas, até mesmo os preceitos de Cristo” (Decretal de Translat. Episcop. Cap.)
“Aqueles a quem o Papa de Roma acaso separar, não é um homem quem os separa, mas Deus. Pois o lugar que o Papa detém na terra, não é simplesmente de um homem, mas do verdadeiro Deus… Eu estou em todos e acima de todos, de modo que o próprio Deus e eu, o vigário de Deus, temos ambos um consistório, e eu sou capaz de fazer quase tudo o que Deus pode fazer“ (Decretales Domini Gregori IX Translatione Episcoporum, (“On the Transference of Bishops”), title 7, chapter 3; Corpus Juris Canonice (2nd Leipzig ed., 1881), Column 99; (Paris, 1612). )
“O Papa toma o lugar de Jesus Cristo na terra… Ele é o verdadeiro vigário, o chefe de toda a igreja, o pai e mestre de todos os cristãos. Ele é o governador infalível, o fundador dos dogmas, o autor e o juiz dos concílios; o soberano universal da verdade, o árbitro do mundo, o supremo juiz do céu e da terra, o juiz de todos, sendo julgado por ninguém, o próprio Deus na terra” (Quoted in the New York Catechism).
Essa pretensão de ser igual a Deus ecoa o desejo de Lúcifer no céu, quando quis estabelecer seu trono acima das estrelas de Deus (Isaías 14:12-14). Esse é o espírito da blasfêmia que permeia o sistema papal, conforme descrito nas profecias.
O período profético de 1.260 anos: a interpretação profética
Em Apocalipse 13:5, lemos que à besta foi dado poder para atuar por 42 meses. Esse período profético é equivalente a 1.260 anos, uma interpretação fundamentada no princípio profético de que um dia equivale a um ano. Esse princípio é extraído de passagens como Números 14:34, onde Deus diz que os israelitas deveriam peregrinar no deserto por 40 anos correspondendo aos 40 dias que espiaram a terra. Da mesma forma, em Ezequiel 4:6-7, Deus ordena ao profeta que simbolize a punição de Israel deitando-se sobre o lado direito por 40 dias, o que representava 40 anos.
A expressão “um tempo, dois tempos e metade de um tempo” em Daniel 7:25 também se refere ao mesmo período, ou seja, 42 meses (1.260 dias), ou 1.260 anos. Um “tempo” profético equivale a um ano de 360 dias (calendário hebraico), portanto, 3 anos e meio (ou 42 meses) somam-se a 1.260 dias, que em profecia representam 1.260 anos.
O Domínio Papal: 538 d.C. a 1798 d.C.
Esse período de 1.260 anos começou em 538 d.C., quando o último obstáculo à supremacia do papado foi removido. Os ostrogodos, a última das três tribos arianas que resistiam à autoridade do papa, foram derrotados, permitindo que o papado estabelecesse sua autoridade tanto religiosa quanto política.
Cinco anos antes, em 533 d.C., o imperador Justiniano já havia declarado o Papa como o “cabeça de todas as igrejas” no Ocidente, conferindo-lhe autoridade tanto política quanto eclesiástica. O domínio papal começou, assim, em 538 d.C., quando o papado assumiu o poder temporal e eclesiástico. Esse período de supremacia papal durou até 1798 d.C., quando o Papa Pio VI foi preso por ordem de Napoleão Bonaparte, cumprindo a profecia de Apocalipse 13:3 que fala sobre a ferida mortal de uma das cabeças da besta.
A prisão do papa Pio VI e o fim da supremacia papal
Em 15 de fevereiro de 1798, o general Berthier, sob as ordens de Napoleão, invadiu o Vaticano e capturou o Papa Pio VI, levando-o como prisioneiro para a França. Essa ação simbolizou o fim temporário da supremacia papal e a ferida mortal profetizada. O Papa morreu em exílio no dia 29 de agosto de 1799, marcando um ponto crucial na história da Igreja Católica.
A prisão de Pio VI e a subsequente dissolução do poder papal cumpriram a profecia de Apocalipse 13, mas a Bíblia também previu que essa ferida seria curada. Em 1800, um novo papa, Pio VII, foi eleito, porém sem o poder absoluto que seus antecessores haviam exercido. No entanto, com o tempo, o papado recuperou gradualmente sua influência global. A partir do Tratado de Latrão, assinado em 1929 entre o Papa Pio XI e o governo fascista de Benito Mussolini, o Vaticano foi reconhecido como um estado independente, restituindo parte do poder temporal da Igreja.
Ao longo dos séculos XX e XXI, a influência do papado cresceu no cenário global. Apesar de ter perdido o domínio político sobre nações inteiras, o papado hoje exerce um poder espiritual e político significativo, intervindo em questões globais como paz, justiça social e diálogo inter-religioso.
A cura da ferida mortal e o número 666
Embora a Igreja Católica tenha sofrido um golpe devastador em 1798, a ferida mortal está sendo curada, e o papado continua a aumentar sua influência global. No próximo estudo, exploraremos como essa ferida mortal está sendo curada e o que isso significa em termos de profecia. Também discutiremos o número da besta: 666 (Apocalipse 13:18), seu significado profético e sua relação com a identidade desse poder.
Por hoje, a pergunta que lhe faço é: qual será sua posição? É hora de abandonar dogmas e tradições humanas e buscar a verdade que está na Palavra de Deus. Que o Espírito Santo o guie nessa jornada para encontrar a verdadeira salvação em Cristo.