
Introdução
A comunicação com espíritos à luz da Bíblia desperta curiosidade e, por vezes, inquietação em muitos. Há diversos relatos ao longo da história que apontam para essa possibilidade, e é inegável que essas experiências têm sido uma realidade em muitas culturas e religiões. No entanto, como cristãos que buscam a verdade nas Escrituras, é fundamental que nosso ponto de partida seja a Palavra de Deus.
Antes de aceitarmos qualquer prática espiritual, devemos nos perguntar: será que a Bíblia realmente apoia a comunicação com os espíritos? Quem são, de fato, esses “espíritos” que se manifestam? Nosso objetivo aqui é analisar o que a Bíblia tem a dizer sobre essa prática, examinando textos-chave que abordam a questão de consultar espíritos e médiuns. Será que essas práticas são vistas com aprovação ou condenação?
Além disso, é crucial entender quem são esses espíritos mencionados e qual a sua verdadeira natureza. Com base na análise bíblica, buscaremos compreender a perspectiva divina sobre o espiritismo e outras formas de mediunidade, sempre tendo em mente o que Deus, em Sua sabedoria, revela a respeito do estado dos mortos e das implicações espirituais envolvidas.
A visão bíblica sobre a comunicação com espíritos
Nosso primeiro texto está em Deuteronômio 18. Sobre esse texto, Allan Kardec, o pai do Espiritismo moderno, fez um comentário interessante no livro A Gênese1. Ele sugere que a proibição ali presente ocorreu porque Deus não queria que os israelitas se envolvessem com o paganismo. Kardec parece insinuar que Deus não foi contra o Espiritismo em si, mas contra a maneira como a mediunidade era praticada pelos povos pagãos.
No entanto, Allan Kardec estava equivocado. Primeiro, porque em Deuteronômio 18 há uma proibição clara de qualquer tipo de consulta a espíritos. Segundo, o Salmo 84:11 afirma: “Porque o Senhor Deus é sol e escudo; o Senhor dá graça e glória; nenhum bem sonega aos que andam retamente”. Se a mediunidade fosse algo bom, Deus jamais a recusaria ao Seu povo, mesmo que fosse praticada por nações pagãs.
Práticas abomináveis: entendimento bíblico
Agora, com o Salmo 84:11 em mente, observe o que diz Deuteronômio 18:9-12: “Quando entrares na terra que o Senhor, teu Deus, te der, não aprenderás a fazer conforme as abominações daqueles povos. Não se achará entre ti quem faça passar pelo fogo o seu filho ou a sua filha, nem adivinhador, nem prognosticador, nem agoureiro, nem feiticeiro; nem encantador, nem necromante, nem mágico, nem quem consulte os mortos; pois todo aquele que faz tal coisa é abominação ao Senhor; e por estas abominações o Senhor, teu Deus, os lança de diante de ti”.
Perceba que, quando a Bíblia utiliza a palavra “abominação“, está se referindo a algo completamente contrário à vontade de Deus. Entre essas abominações estão a feitiçaria, adivinhação, magia e consulta aos mortos. Vale ressaltar que, aqui, não estou questionando a sinceridade das pessoas que praticam essas coisas. Muitos médiuns são genuínos em sua busca espiritual, mas a questão central está na prática em si, e não nas pessoas. Acredito firmemente que o Espírito Santo, a terceira pessoa da Trindade, está guiando muitos desses indivíduos a um entendimento correto sobre o que a consulta aos mortos representa para Deus.
Agora, veja o que diz o versículo 13 – 14: “Perfeito serás para com o Senhor, teu Deus. Porque estas nações que hás de possuir ouvem os prognosticadores e os adivinhadores; porém a ti o Senhor, teu Deus, não permitiu tal coisa”. Portanto, não é apenas o contexto pagão que faz com que Deus proíba essas práticas, mas sim o fato de que elas não procedem Dele.
Se essas práticas não fossem abomináveis em si, como sugeriu Allan Kardec, e se ao chamá-las de abomináveis Deus estivesse apenas impedindo os israelitas de segui-las, isso implicaria que Deus estaria mentindo. E, como sabemos, em Deus não há qualquer mentira. Ele é a verdade absoluta. Portanto, quando Deus declara que algo é abominável, é porque de fato o é, intrinsecamente. Não se trata apenas de uma proibição cultural ou contextual, mas de uma rejeição moral e espiritual.
O Contexto de Isaías: A Consulta a Espíritos e a Deus
Há outros textos importantes, como Isaías 8:19-20, que colocam em oposição a Bíblia e a mediunidade, a consulta a espíritos e a consulta a médiuns. Esse ponto é essencial porque, por exemplo, embora Allan Kardec tenha tentado harmonizar a Bíblia com o Espiritismo, seus argumentos, por mais que façam sentido lógico, não são biblicamente sustentáveis. O Evangelho Segundo o Espiritismo não se harmoniza com a Bíblia. A luz não se mistura com as trevas.
Observe o que Isaías 8:19-20 diz: “Quando vos disserem: Consultai os necromantes e os adivinhos, que chilreiam e murmuram, acaso, não consultará o povo ao seu Deus? A favor dos vivos se consultarão os mortos? À lei e ao testemunho! Se eles não falarem desta maneira, jamais verão a alva.” Percebeu que há uma clara oposição entre consultar médiuns e consultar a Deus? O profeta destaca que, quando alguém sugere a consulta a médiuns, essa pessoa deveria, na verdade, buscar a Deus.
A verdadeira identidade dos “espíritos“
Espíritos dos mortos ou Anjos Caídos?
Agora pense comigo: se Deus abomina tanto práticas espiritualistas quanto espíritas, e se Ele diz claramente que devemos consultá-Lo ao invés de médiuns, como visto em Isaías 8:19-20, podemos chegar a uma conclusão lógica baseada em Apocalipse 12:7-12, que revela a existência de apenas dois poderes antagônicos no universo: Cristo e seus anjos, e Satanás e seus anjos.
Assim, ao sabermos que a Bíblia proíbe a consulta aos mortos e afirma que esses “espíritos” não são almas de seres humanos falecidos, devemos deduzir que esses “espíritos” são, na verdade, espíritos demoníacos, anjos caídos que se disfarçam como pessoas mortas para enganar a humanidade sobre verdades essenciais da salvação.
Sei que essa mensagem pode ser difícil de aceitar para muitos, mas essa é a opinião clara das Escrituras. E é importante destacar que não estou julgando pessoas, nem sua sinceridade ao buscarem médiuns; estou questionando as práticas à luz da Bíblia. Esses “espíritos”, que são anjos caídos, conhecem a necessidade humana de conforto e de orientação divina e se aproveitam disso, misturando verdades com mentiras.
Eles introduzem doutrinas como a imortalidade da alma, a reencarnação, e a lei do Karma — todas essas ideias contradizem os ensinamentos bíblicos e, em particular, a doutrina da justificação pela fé, que é incompatível com a lei do Karma, por exemplo.
As consequências do engano espiritual
Ao aceitar esses ensinamentos, as pessoas acabam negando a verdade bíblica sobre a morte e sobre a salvação, tornando-se mais suscetíveis ao engano espiritual. Uma doutrina errada frequentemente traz consigo outras, comprometendo a compreensão correta de quem é Jesus Cristo e do plano da salvação. Se não soubermos o que acontece com a “alma” após a morte, podemos ser facilmente enganados pelos “espíritos”, que, na verdade, são anjos caídos.
Consequentemente, seguir por esse caminho pode colocar em risco a sua salvação, por mais que, inicialmente, pareça um caminho lógico e ofereça respostas satisfatórias. Essas respostas, no entanto, não são as respostas de Deus para os problemas da vida e da existência humana.
Conclusão
Portanto, é fundamental que você estude profundamente o que a Bíblia ensina sobre o estado dos mortos, para que não seja mais enganado por falsas doutrinas. Aqui no site, você encontrará outros temas que tratam da imortalidade da alma e da verdade bíblica sobre esse assunto. Bons estudos!
Referências:
1 Livro A Gênese
Leia também:
1. A imortalidade da alma: crença pagã?
2. A imortalidade da alma: crença pagã? II – Parte 2
3. Os adivinhos podem revelar o futuro assim como os profetas?