Como vencer a ansiedade com as palavras de Jesus em Mateus 6

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Como vencer a ansiedade com as palavras de Jesus
Imagem: Freepik

Você se considera uma pessoa ansiosa? Diariamente, somos bombardeados por motivos que contribuem para o aumento contínuo desse problema: a pressão no trabalho, o futuro de nossas famílias, a situação política, a saúde e, claro, a constante busca por sucesso e reconhecimento. Em meio a esse turbilhão de fatores, a ansiedade se tornou uma companheira constante de muitos. Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) indicam que a ansiedade é um dos transtornos psicológicos mais comuns da sociedade moderna, afetando mais de 18 milhões de pessoas apenas no Brasil.

Mas será que a ansiedade é um mal exclusivamente moderno? O que Jesus teria a nos dizer sobre ela? Em Mateus 6:25-34, Ele aborda diretamente essa questão ao dizer: “Não andeis ansiosos pela vossa vida…” Imagine ouvir essas palavras em uma época onde não existiam as comodidades modernas, e a sobrevivência diária dependia de fatores imprevisíveis como o clima e a colheita.

Jesus, no entanto, não nos exorta a ignorar a ansiedade ou a afastá-la de forma superficial. Ele nos apresenta uma solução eficaz para enfrentá-la. Ao ler suas palavras, encontramos um convite à confiança radical em Deus — um antídoto divino para o caos.

O contexto de Mateus 6: o sermão do monte

O Sermão do Monte, registrado nos capítulos 5 a 7 de Mateus, é uma das compilações mais significativas dos ensinamentos de Jesus. Nele, Cristo redefine a compreensão de seus seguidores sobre diversos aspectos da vida, desde a ética até a espiritualidade. No capítulo 6, especificamente, Jesus aborda temas como a caridade, a oração, o jejum e as preocupações materiais.

Ao instruir sobre a esmola, a oração e o jejum, Jesus enfatiza a importância da sinceridade e da discrição, afastando-se da ostentação religiosa. Em seguida, Ele direciona a atenção para as preocupações cotidianas, exortando seus ouvintes a não se deixarem consumir pela ansiedade em relação às necessidades básicas da vida. Essa transição não é acidental; Jesus está construindo um argumento coeso sobre onde devemos depositar nossa confiança.

O que Jesus queria dizer com “não andeis ansiosos”?

Quando Jesus diz “não andeis ansiosos pela vossa vida” (Mateus 6:25), Ele não está minimizando a gravidade das dificuldades que temos. Pelo contrário, Ele reconhece a realidade das nossas necessidades, mas faz uma distinção crucial: a ansiedade não pode ser a nossa resposta. O foco não é negar a necessidade de suprir o básico, mas ressignificar a maneira como nos relacionamos com essas necessidades.

A palavra original grega para “ansioso” é merimnaō, que descreve um estado de mente dividida, em que a pessoa está fragmentada, carregando o peso de inúmeras preocupações ao mesmo tempo. Este estado de mente pode se manifestar como um ciclo de pensamentos obsessivos, medo do futuro, e até sintomas físicos de estresse, como insônia ou problemas digestivos.

Jesus, ao usar essa palavra, está nos convidando a uma integração interior, onde a nossa confiança em Deus se torna a base para nossa estabilidade emocional. Ele nos desafia a não ser consumidos por medos sobre o futuro e pela necessidade de controle.

A ansiedade e o coração humano

A ansiedade frequentemente revela onde está depositada a nossa confiança. Quando nos preocupamos excessivamente com aspectos materiais, isso pode indicar uma dependência excessiva em nossas próprias capacidades ou nos recursos deste mundo. Jesus nos alerta que essa postura pode nos afastar da verdadeira fonte de segurança: Deus.

Além disso, a ansiedade pode nos paralisar, impedindo-nos de viver plenamente o presente. Ficamos tão focados nas incertezas do futuro que deixamos de perceber as bênçãos e oportunidades que nos cercam no momento atual. Jesus nos convida a redirecionar nosso foco, lembrando-nos de que Deus está no controle e sabe daquilo de que necessitamos.

Três ordens de Jesus contra a ansiedade

Jesus não apenas pede para não sermos ansiosos, Ele nos ensina a combater essa tendência de três formas muito práticas e espiritualmente profundas:

1. Não andeis ansiosos pela vossa vida (v.25)

Aqui, Jesus nos desafia a colocar as necessidades materiais em seu devido lugar. Ele não diz “não se preocupem com nada”, mas nos faz refletir sobre a verdadeira natureza da vida. Ele pergunta: “A vida não é mais do que o alimento e o corpo mais do que a roupa?” Ele nos chama a perceber que nossa identidade e segurança não estão no que possuímos ou no que podemos controlar, mas em nossa relação com Deus. Entendeu?

2. Olhai as aves do céu (v.26)

Jesus nos convida a observar as aves, que não trabalham nem armazenam, mas ainda assim não lhes falta alimento. Isso não significa que devamos adotar uma postura passiva e preguiçosa em relação à vida, mas sim que devemos confiar no cuidado de Deus. Ele nos dirige uma pergunta retórica profunda: “Porventura, não valeis vós muito mais do que as aves?”

Você já parou para pensar na beleza disso? Se Deus, o Criador do universo, cuida com todo amor até mesmo de um pequeno passarinho, será que Ele não cuidará de você?

3. Buscai primeiro o Reino de Deus (v.33)

Aqui está o ponto central: a ansiedade surge quando colocamos as coisas erradas no centro da nossa vida. Jesus nos chama a reorientar nossos desejos e prioridades. Ao buscar o Reino de Deus — ou seja, Sua vontade e Sua presença — antes de qualquer outra coisa, somos libertos da obsessão pelas coisas do mundo. Deus promete que, ao colocarmos Suas coisas em primeiro lugar, as nossas necessidades cotidianas serão atendidas.

A lógica de Jesus

A lógica apresentada por Jesus desafia a sabedoria convencional. Em um mundo que valoriza o acúmulo de bens e a autopreservação, Ele nos convida a uma postura de dependência e confiança em Deus. Essa abordagem não nega a importância do trabalho e da diligência, mas redefine o foco de nossa segurança e identidade.

Jesus nos ensina que, ao confiarmos em Deus, podemos experimentar uma paz que transcende as circunstâncias. Essa paz não é resultado da ausência de problemas, mas da presença constante de um Deus que cuida de nós.

Deus é Pai

Um dos pilares do ensinamento de Jesus em Mateus 6 é a revelação de Deus como Pai. Essa verdade muda tudo. Se Deus é Pai, então nada do que nos acontece passa despercebido por Ele. Ele conhece nossas necessidades antes mesmo que as expressemos (Mateus 6:8). Isso não significa que Ele nos livrará de todo sofrimento, mas sim que estará conosco em cada etapa da jornada, provendo o que for necessário.

Quantos de nós já vivemos ansiosos por situações que, no final, foram resolvidas de forma inesperada? Já parou para pensar quantas vezes você pensou que tudo estava perdido, e mesmo assim algo aconteceu, alguém apareceu, uma porta se abriu? Essa é a atuação de um Pai que vê o que está em oculto e trabalha nos bastidores da nossa existência.

Comparando o discurso de Jesus com a psicologia moderna

O que talvez mais impressione é o fato de que os ensinamentos de Jesus, proferidos há dois mil anos, se alinham surpreendentemente com os princípios terapêuticos modernos. Psicólogos, terapeutas e cientistas da mente têm chegado a conclusões semelhantes às de Jesus: viver no presente, reconhecer a limitação do controle, cultivar a gratidão, reduzir a ruminação mental.

Terapias como a Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) trabalham com a substituição de pensamentos disfuncionais — muitas vezes ansiosos — por pensamentos mais realistas e saudáveis. Jesus já fazia isso quando desafiava a lógica ansiosa com perguntas provocativas: “Não é a vida mais do que o alimento?”, “Por que andais ansiosos pelo vestuário?”, “Quem de vós, por mais que se preocupe, pode acrescentar um côvado à sua estatura?”

Além disso, o conceito moderno de mindfulness, que propõe uma atenção plena ao momento presente, ecoa diretamente a exortação de Jesus: “Não vos inquieteis, pois, pelo dia de amanhã” (Mateus 6:34). A sabedoria divina e a ciência moderna convergem em um mesmo ponto: o hoje é tudo o que temos.

Exemplos bíblicos de personagens que venceram a ansiedade

A Bíblia está repleta de histórias de pessoas que enfrentaram situações terrivelmente estressantes — e mesmo assim confiaram em Deus. Isso não significa que não sentiram medo, mas que não se deixaram paralisar por ele.

  • Davi, perseguido por Saul, refugiando-se em cavernas e sendo traído por amigos, escreveu: “Ainda que eu ande pelo vale da sombra da morte, não temerei mal algum, porque tu estás comigo” (Salmo 23:4). É a confiança triunfando sobre a ansiedade.
  • Daniel, lançado na cova dos leões, poderia ter sido consumido pelo pânico. Mas confiou. E o texto diz que passou a noite ali sem dano algum. Sua fé era maior do que seu medo.
  • Maria, diante do anúncio de que daria à luz o Salvador sem ter relação com homem algum, poderia ter sucumbido à ansiedade do escândalo social, da rejeição e do desconhecido. Mas respondeu: “Eis aqui a serva do Senhor; cumpra-se em mim segundo a tua palavra” (Lucas 1:38).

O que une todos esses personagens? A confiança em um Deus que está acima das circunstâncias.

Aplicações práticas para o dia a dia

A beleza do ensino de Jesus está na sua praticidade. Ele não propõe uma espiritualidade que se traduz em ações e atitudes concretas. Como, então, aplicar seus ensinamentos?

  • Comece o dia entregando suas preocupações a Deus. Uma oração simples, sincera, pode fazer toda a diferença.
  • Pratique a gratidão. Ao final de cada dia, escreva três motivos de gratidão. Isso muda seu foco do que falta para o que já tem.
  • Estabeleça limites. Não tente controlar tudo ou agradar a todos. Assuma o que está ao seu alcance e confie o restante a Deus.
  • Respire. Viva o presente. Quando perceber a mente fugindo para o futuro ou remoendo o passado, traga-a de volta: “Preciso viver o agora; o ontem é história, não existe mais. O amanhã não me pertence, o hoje é o que tenho. Portanto, devo vivê-lo com propósito.”

O que Jesus ensinou, embora não seja muito fácil de colocar em prática – pois exige renúncia do “eu”, da autossuficiência e da vontade de estar no controle de tudo –, é a fórmula para uma vida mais leve, mais livre, mais plena e cheia de significado.

Conclusão

Talvez este texto tenha mudado radicalmente a forma como você entendia Mateus 6. Nesse capitulo vemos o grande médico, nosso senhor Jesus, nos dando a solução para o problema da ansiedade de maneira simples, porém extremamente eficaz, e muitos de nós ignoravamos isso.

Ler Mateus 6:25-34 e ver Jesus olhando nos nossos olhos e dizendo, com a firmeza de quem conhece o coração humano: “Você não foi feito para carregar esse peso sozinho. Existe um lugar de descanso. Existe um Pai que sustenta você – não por obrigação, mas por amor. Deixe que eu cuido de você”

A ansiedade? Ela é real, dói, aperta o peito. Mas ela não tem o direito de ditar como você vive. Jesus propõe uma troca radical: trocar a espiral do medo pela quietude da confiança. Um jeito de viver onde:

  • A fé ocupa o espaço que o desespero queria roubar;
  • O presente é vivido com gratidão, não com pânico;
  • O futuro é depositado nas mãos de Alguém que nunca falhou.

Já imaginou respirar fundo e sentir esse alívio?
Pare agora. Feche os olhos. E repita devagar: “Eu não estou abandonado. Eu sou amado. E isso muda tudo.”

Se Deus veste as flores do campo – frágeis e passageiras –, você realmente acha que Ele vai esquecer de você?

Então, faça sua parte hoje. Entregue o amanhã. E descanse.
Porque o mesmo Deus que cuida dos pássaros está cuidando da sua história.


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Bíblia On-line – Mateus 6

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Amós Bailiot

Sou um estudante de História na Universidade Estácio de Sá e um entusiasta em Teologia. Acredito que o conhecimento é valioso apenas quando compartilhado. É por isso que estou aqui, disposto a compartilhar minhas reflexões teológicas. Junte-se a mim nessa jornada!

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Amós Bailiot

Graduando em História pela Universidade Estácio de Sá e estudioso de Teologia, defende a premissa de que o conhecimento se torna verdadeiramente valioso quando compartilhado. Junte-se a mim nessa jornada!

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