A Verdade sobre o novo papa e as profecias do fim

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A Verdade sobre o novo papa e as profecias do fim
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Introdução

A morte do papa Francisco em 21 de abril trouxe comoção mundial, mas também reacendeu um antigo debate entre estudiosos de escatologia bíblica: estaria este evento ligado ao cumprimento das profecias apocalípticas? Para muitos cristãos atentos aos livros de Daniel e Apocalipse, a troca de liderança na cúria romana é mais que uma notícia religiosa — é uma possível peça no grande quebra-cabeça dos últimos tempos.

Essa reação é compreensível. Em tempos de crise espiritual e moral, a humanidade tende a buscar respostas no plano divino. A figura do papa, ocupando o trono de uma instituição com quase dois mil anos de influência espiritual e política, naturalmente atrai olhares proféticos. Mas será que podemos interpretar toda morte papal como cumprimento escatológico? Ou há uma leitura mais equilibrada e biblicamente fiel que devemos adotar?

A ansiedade profética e a busca por sinais

Entre os que estudam o Apocalipse, há uma tendência perigosa: a de encaixar eventos contemporâneos em esquemas proféticos rígidos. Um exemplo disso é a chamada “teoria dos sete papas”, iniciada após o Tratado de Latrão em 1929. Nessa visão, cada papa seria um elo cronológico em uma cadeia profética até o fim do mundo.

No entanto, a Bíblia nunca autorizou esse tipo de especulação. Em vez de apresentar uma tabela com nomes e datas, o Apocalipse foca em princípios, atitudes e sistemas que se opõem a Deus. O maior engano aqui é personalizar aquilo que é estrutural. O problema não é um novo papa, mas o sistema que ele representa — um sistema que, ao longo da história, tem colocado a tradição acima das Escrituras, substituído a graça por rituais, e promovido coerção religiosa em lugar de liberdade de consciência.

Esse tipo de sensacionalismo, além de antibíblico, desvia a atenção do verdadeiro chamado da profecia: preparar um povo para o retorno de Cristo, com base na fidelidade à Palavra e ao caráter divino. Em vez de calcular quantos papas ainda virão, o cristão deve olhar para si mesmo: estou vivendo de acordo com os princípios do Reino de Deus?

Apocalipse 17 e a besta de sete cabeças

Apocalipse 17 apresenta uma figura impressionante: uma mulher montada sobre uma besta escarlate, com sete cabeças e dez chifres. Muitos, como mencionei, tentam identificar essas cabeças como sendo sete papas. Contudo, uma análise mais fiel ao texto e ao contexto bíblico revela que as sete cabeças representam os impérios que perseguiram o povo de Deus ao longo da história.

Esses sete impérios são: Egito, Assíria, Babilônia, Medo-Pérsia, Grécia, Roma Imperial e Roma Papal. Cada um, em seu tempo, oprimiu o povo de Deus, seja por meio da escravidão, da guerra, da idolatria ou da perseguição religiosa. Ao identificar essas cabeças como reinos e não como líderes individuais, ganhamos uma visão mais ampla e coerente da atuação do mal na história humana.

Se Apocalipse 17 estivesse realmente se referindo a sete papas, e não a sete sistemas como explicamos anteriormente, como entender então o versículo 10? Ele diz: “E são também sete reis; cinco já caíram, um existe, e o outro ainda não chegou; e, quando chegar, deve permanecer por pouco tempo.” Perceba que João afirma que, nos dias dele, cinco dessas cabeças já haviam caído. Isso por si só desmonta a teoria dos sete papas, especialmente considerando que seus defensores afirmam que a contagem teria começado apenas em 1929.

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Roma papal e a ferida mortal

Os intérpretes identificam a sétima cabeça da besta como Roma Papal — uma continuação do Império Romano, agora revestida de autoridade religiosa. Segundo Apocalipse 13, uma ferida mortal atingiria essa cabeça, mas ela se recuperaria. Historicamente, essa ferida ocorreu em 1798, quando o general Berthier, sob ordens de Napoleão Bonaparte, prendeu o papa Pio VI e aboliu temporariamente o poder papal. Contudo, a profecia diz que a ferida não seria definitiva.

Desde então, o papado passou por um processo de reabilitação. Em 1929, com os Pactos de Latrão, o Vaticano foi reconhecido como Estado soberano. E nas décadas seguintes, vimos uma impressionante ascensão de influência global. O papa deixou de ser apenas uma figura religiosa para se tornar um diplomata, um líder moral, um mediador internacional.

Tudo isso confirma o que a Bíblia já dizia: a ferida seria curada. E aqui entra um ponto crucial: se essa cabeça ferida voltou a viver, então o papel da Roma Papal nas profecias ainda não terminou. Ela voltará, como afirma o texto sagrado, a exercer influência e perseguição contra os que se mantêm fiéis à Palavra de Deus. O retorno desse poder será decisivo na formação da coalizão contra o povo remanescente.

A grande prostituta e a mulher pura

No Apocalipse encontramos duas figuras femininas que contrastam dramaticamente: a mulher pura de Apocalipse 12 e a grande prostituta de Apocalipse 17. Ambas representam religiões — mas de naturezas completamente opostas. A mulher pura simboliza o povo fiel de Deus, guardador dos mandamentos e do testemunho de Jesus. Já a prostituta é símbolo de um sistema religioso corrompido, que abandonou a simplicidade do evangelho para se aliar aos poderes deste mundo.

A grande prostituta está vestida de púrpura e escarlate, adornada com ouro, pedras preciosas e pérolas. Em sua mão, um cálice de ouro cheio de abominações. Ela está embriagada com o sangue dos santos — aqueles que, ao longo da história, foram perseguidos por manterem a fidelidade à Palavra. Essa imagem aponta para um sistema que se diz cristão, mas persegue os verdadeiros seguidores de Cristo.

Essa prostituição espiritual representa a união indevida entre igreja e estado, entre fé e coerção, entre o evangelho e as tradições humanas. É a institucionalização da fé como instrumento de dominação, algo claramente condenado pelas Escrituras. A mulher pura, por outro lado, permanece no deserto, fora dos holofotes do poder político, guardando a verdade mesmo em tempos de perseguição.

Essa distinção não pode ser ignorada. A fidelidade a Deus não se mede pela pompa das catedrais, nem pela influência política de líderes religiosos. Mede-se pela obediência ao “Assim diz o Senhor”. A grande prostituta é, portanto, um chamado à vigilância: será que nossa fé está baseada na Palavra ou na tradição? Estamos nos alimentando do vinho das doutrinas humanas ou da água pura da Escritura?

Babilônia mística: doutrinas e tradições contrárias à Palavra

A prostituta é também chamada de “Babilônia, a Grande”. Essa alusão à Babilônia do Antigo Testamento não é acidental. Babilônia foi o império que destruiu Jerusalém, levou o povo de Deus ao cativeiro e buscou substituir a adoração ao Deus verdadeiro por práticas pagãs. A Babilônia mística de Apocalipse segue o mesmo padrão: corrompe a fé, mistura verdade com erro e oferece ao mundo um evangelho adulterado.

Entre os elementos desse vinho intoxicante estão doutrinas que se infiltraram ao longo dos séculos: a ideia da imortalidade da alma, o ensino de um inferno em tormento eterno, a substituição do sábado bíblico pelo domingo, o culto aos santos e à Virgem Maria, entre outros. Esses conceitos, embora amplamente aceitos por grande parte do cristianismo atual, não encontram base sólida nas Escrituras.

Por trás dessa Babilônia está a antiga serpente — Satanás — que sempre buscou desviar o povo de Deus da adoração pura. Em nome da tradição, muitos abandonaram os mandamentos divinos. Mas a Bíblia declara que os verdadeiros servos de Deus “guardam os mandamentos de Deus e a fé em Jesus” (Apocalipse 14:12). Essa é a marca do povo remanescente.

A mensagem de Apocalipse 18 é clara e urgente: “Caiu, caiu a grande Babilônia… Sai dela, povo meu” (versos 2 e 4). Deus não chama apenas para identificar o erro, mas para abandonar completamente o sistema que o sustenta. Ele convida Seus filhos sinceros — espalhados em diversas igrejas e denominações — a saírem do engano e abraçarem a verdade em sua plenitude. Como uma criança fugindo de um incêndio, devemos correr para o abrigo seguro da Palavra.

Três poderes, um conflito final

Apocalipse 16 apresenta uma tríplice aliança diabólica que se forma nos últimos dias: o Dragão, a Besta do Mar e a Besta da Terra. Juntos, esses três poderes representam a união global contra os mandamentos de Deus e Seu povo.

O Dragão simboliza Satanás, mas também representa as religiões e filosofias seculares que rejeitam a autoridade bíblica — como o espiritismo, o ateísmo militante, o humanismo e até religiões orientais que substituem a adoração ao Deus Criador por forças impessoais da natureza.

A Besta do Mar, como vimos, refere-se ao papado — mais precisamente ao sistema político-religioso que, por séculos, perseguiu os cristãos fiéis e impôs doutrinas humanas sobre a Palavra de Deus. É o mesmo poder que recebeu uma ferida mortal em 1798, mas que está sendo restaurado em nossos dias.

a Besta da Terra é identificada como o protestantismo apostatado, tendo como símbolo os Estados Unidos, que unem sua força à da primeira besta, promovendo leis e decretos que contrariam os princípios bíblicos. Esta besta fará “grandes sinais” e levará o mundo a adorar a imagem da besta — ou seja, a reeditar o modelo de união igreja-estado, agora em escala global.

Essa trindade profana está descrita como um trio imundo que saem das suas bocas, simbolizando espíritos demoníacos que operam sinais e enganam os reis da Terra. Eles se preparam para a batalha do Armagedom — não um conflito geográfico, mas um confronto espiritual final entre o bem e o mal, entre a obediência e a rebelião, entre Cristo e Satanás.

O armagedom e a união dos poderes globais

A batalha do Armagedom, mencionada em Apocalipse 16:16, não é uma guerra convencional com tanques e mísseis. É o clímax de uma guerra espiritual. O campo de batalha é a mente humana. As armas são a verdade e o engano. E os exércitos são formados pelos que se alinham com os mandamentos de Deus ou com as tradições humanas.

O Armagedom representa a última tentativa de Satanás em destruir o povo de Deus. A união dos três poderes — Dragão, Besta e Falso Profeta — simboliza a consolidação de uma ordem mundial que perseguirá os que guardam os mandamentos de Deus, que defendem a soberania da Bíblia e se recusam a seguir os dogmas impostos por homens.

Essa perseguição virá disfarçada de boas intenções: paz mundial, combate à intolerância, preservação ambiental. Mas por trás desses discursos estará a exigência de submissão a um sistema que nega os princípios do Céu.

Por isso, o chamado divino é urgente: “Sai dela, povo meu!” Não apenas saia fisicamente, mas espiritualmente. Saia da confusão, da idolatria, da tradição sem base bíblica. É hora de decidir de que lado estaremos. Porque quando o conflito atingir seu ápice, não haverá espaço para neutralidade.

Os dez mandamentos na profecia

No cerne da controvérsia final está a lei de Deus — especialmente o quarto mandamento, que ordena a guarda do sábado do sétimo dia. Apocalipse 14:12 descreve os santos como “os que guardam os mandamentos de Deus e a fé em Jesus”. Essa combinação é poderosa: obediência e fé, lei e graça, verdade e amor.

Muitos creem que a lei foi abolida na cruz. Mas Jesus mesmo declarou: “Não penseis que vim abolir a Lei ou os Profetas; não vim abolir, mas cumprir” (Mateus 5:17). O sábado foi santificado na criação, reafirmado no Sinai e observado por Cristo e Seus discípulos. A sua substituição pelo domingo é um exemplo clássico da influência da tradição sobre a Escritura.

No tempo do fim, esse mandamento será o ponto de separação entre os que seguem a Deus e os que seguem os homens. O sábado é um sinal entre Deus e Seu povo (Ezequiel 20:20), e rejeitá-lo em nome de costumes humanos será uma forma de declarar lealdade a outro senhor.

A batalha final será, portanto, uma questão de adoração. Quem é o Senhor da sua vida? A quem você presta culto? À tradição ou à verdade revelada na Palavra?

Conclusão

Vivemos num momento solene da história. As sete cabeças da besta representam impérios históricos que, um após o outro, se levantaram para oprimir o povo de Deus. Estamos agora nos momentos finais, onde a última cabeça — a Roma Papal restaurada — se prepara para voltar à cena global com toda a sua força religiosa e política. Neste cenário final, ela se unirá ao protestantismo apostatado e às filosofias seculares, formando uma tríplice aliança satânica cujo clímax será o Armagedom.

Contudo, Deus não nos deixou sem direção. Ele chama, adverte, ensina, revela. Sua voz ecoa nas páginas das Escrituras: “Sai dela, povo meu”. O chamado é claro, urgente e amoroso. Ele quer salvar. Ele quer conduzir Seus filhos à verdade plena. Mas a decisão é pessoal.

Neste exato momento, Jesus intercede por você. Ele estende as mãos marcadas pelos cravos e diz: “Vinde a mim”. A porta da graça ainda está aberta. A Babilônia religiosa ainda pode ser deixada para trás. A verdade ainda pode ser abraçada. A fidelidade ainda pode ser vivida.

A escolha é sua. O tempo é agora.


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Amós Bailiot

Sou um estudante de História na Universidade Estácio de Sá e um entusiasta em Teologia. Acredito que o conhecimento é valioso apenas quando compartilhado. É por isso que estou aqui, disposto a compartilhar minhas reflexões teológicas. Junte-se a mim nessa jornada!

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Amós Bailiot

Graduando em História pela Universidade Estácio de Sá e estudioso de Teologia, defende a premissa de que o conhecimento se torna verdadeiramente valioso quando compartilhado. Junte-se a mim nessa jornada!

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